Monster High é uma das franquias mais adoradas dos últimos tempos, e tem sido assim por muitos anos. Porém, com as mudanças na nova geração e o reposicionamento ideológico que a Mattel adotou, Monster High acabou por ganhar uma outra roupagem em sua mais nova geração.
Na primeira geração (G1), conhecemos as personagens icônicas desse universo e o público se apaixonou pelo estilo alternativo e pelas características únicas de cada monstrinha. Na segunda geração (G2), a menos comentada pelos fãs da franquia, a Mattel apostou em um visual mais moderno para as bonecas, lançando filmes com uma tecnologia 3D mais evidente e menos suave quando comparada à da geração anterior.
A última geração – também a mais recente – (G3), é a que divide o público e abre espaço para debates, opiniões divergentes e controversas, consagrando-se como a mais polêmica dentre todas as outras fases da franquia. Isso se deve ao fato de que a Mattel, após algum tempo, decidiu realizar mudanças significativas no visual e na personalidade de cada monstrinha, marcando o início de uma era que seria responsável por apresentar Monster High para as gerações Z e alpha. Entre as alterações mais notáveis estão:
l. O fato de que Frankie, a protagonista das séries animadas, passou a se identificar como uma pessoa não-binário.
ll. As bonecas de Draculaura e Catty Noir receberam proporções consideradas mais “realistas”, com pernas e quadris bem mais cheios que os de suas bonecas das antigas gerações.
Mas o que teria motivado a Mattel, uma empresa tão consolidada em seu segmento, a fazer um rebranding como esse naquela que, provavelmente, é a franquia mais famosa da marca depois da boneca Barbie?
Para nos aprofundarmos nessa questão, convidamos a graduanda em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Martha Falcão, Sâmela Pinto, para responder algumas perguntas que podem nos levar a entender os objetivos e as metas que a Mattel pode querer alcançar com essa mudança tão drástica num dos seus produtos mais bem sucedidos.
Talk2Me: Por qual motivo você acredita que houve uma mudança no visual das bonecas Monster High, que antes se apresentavam com corpos padrões e agora exibem mais representatividade em seus corpos, personalidades, e identidades de gênero?
Sâmela Pinto: As transformações executadas pela Mattel podem ser atribuídas à grande demanda que existe, atualmente, por produtos que refletem os valores de inclusão e representatividade, que é o que o consumidor e a sociedade buscam, optando por marcas que se aproximem o máximo possível da realidade, principalmente ao tratar de questões estéticas. A preferência, então, é por produtos que representem a diversidade e o respeito às diferenças, sejam elas de estilo, de gênero ou sociais.
Talk2Me: Diante disso, você acredita que a geração alpha anseia por uma leva de bonecas mais inclusivas?
Sâmela Pinto: Inicialmente, não. Mas com o trabalho de empresas como a Mattel, elas acabam sendo influenciadas por esses discursos de empatia e respeito às diferenças, o que acaba fazendo com que as crianças optem por bonecas que estejam alinhadas com as mensagens apresentadas à ela.
Talk2Me: Você acredita que essa nova geração de bonecas contribui para a formação de valores das cri anças?
Sâmela Pinto: Acredito que essa nova geração de bonecas têm um papel importante na formação de valores das crianças, pois promove de, certa forma, uma aceitação com seus corpos e identidades únicas. Acaba dando a elas uma visão mais inclusiva do mundo. E, ao brincarem com essas bonecas, acredito que isso faça com que elas reflitam que existam bonecas com diferentes proporções e visuais, diferentes dos apresentados tradicionalmente pela mídia popular, e que também outros tipos de identidade, seja de estilo ou de gênero, devem ser respeitadas e abraçados por todos, sem necessidade de discriminação ou preconceito para com o próximo.
É assim que concluímos que, apesar das mudanças drásticas, a Mattel apresenta ao mercado uma nova leva de bonecas que além de bonitas e estilosas, são únicas, sejam por seus corpos, estilos ou histórias. Monster High, antes de ser uma franquia sobre moda, monstros e bonecas descoladas, é um produto que convida o consumidor a se expressar livremente, livrando-se de padrões estabelecidos na sociedade e buscando se expressar através de sua individualidade, que pode assustar ou não.
Por: Emilly Oliveira, Gustavo Augusto, Janaina Freitas e Jhulie dos Santos.
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