Relações Públicas e Cinema: Visão realista ou Romantizada?

O cinema molda nossa visão das profissões, e com Relações Públicas (RP) não é diferente. Mas será que o que vemos nas telas reflete a realidade desse trabalho?

O cinema tem o poder de moldar como vemos as profissões. Com Relações Públicas (RP) não seria diferente! Porém, até que ponto o que vemos nas telonas reflete a realidade do trabalho de um RP? Para entender melhor sobre essa questão, conversamos com o Dr. Luiz Santana, professor de RP da UFAM, e com o Lucas Santiago, aluno do 8º período de RP e bolsista no projeto Cine&Vídeo Tarumã pensam sobre a relação entre cinema e RP.

DROPP: Vocês poderiam nos contar sobre alguns filmes que assistiram onde aparecem profissionais de relações públicas? Como esses profissionais foram retratados nessas obras?”

Lucas Santiago lembra que filmes como Mera Coincidência (Wag the Dog) e Obrigado por Fumar mostram RP de forma bem exagerada e antiética. No primeiro, o RP cria uma crise falsa para desviar a atenção de um escândalo, e no segundo, o RP defende a indústria do tabaco, apesar dos riscos óbvios. Para Lucas, esses filmes nos fazem refletir sobre o poder da comunicação e da manipulação da opinião pública, embora as situações retratadas sejam bem dramáticas e distantes da realidade.

Já o Dr. Luiz Santana destaca Brexit: The Uncivil War (2019), que, ao contrário, traz uma imagem mais realista de um RP. No filme, o RP atua em campanhas políticas, utilizando pesquisa de opinião, segmentação de públicos e gestão de crises de uma forma que é mais próxima da prática real da profissão. Para ele, esse filme acerta ao mostrar como o RP ajuda a alinhar a comunicação entre os diversos públicos de interesse, sem cair em exageros.

D: Vocês acreditam que esses filmes oferecem uma visão realista da profissão? Quais aspectos da vida de um profissional de RP são exagerados ou romantizados?”

Quando o assunto é a diferença entre o que o cinema retrata e o que realmente acontece no dia a dia de um RP, Lucas explica que, muitas vezes, os filmes distorcem a profissão, mostrando o RP apenas como um “salvador de crises” que manipula a opinião pública. Ele aponta que, na vida real, o trabalho do RP envolve muito mais planejamento, pesquisa e a construção de relacionamentos estratégicos com a mídia, clientes e públicos. É uma profissão que exige ética e muito trabalho nos bastidores, e não apenas momentos de grande tensão ou manipulação.

Dr. Luiz Santana concorda, mas acredita que filmes como Brexit são mais precisos ao representar o RP como um profissional estratégico que planeja e gere a comunicação de forma cuidadosa e ética. A crise é apenas um elemento que aparece em momentos específicos, mas a maior parte do trabalho de RP envolve uma gestão contínua e transparente da comunicação.

D: Vocês acreditam que filmes podem influenciar a percepção do público sobre relações públicas? Como essa imagem pode afetar a profissão e o papel dos profissionais na sociedade?

Ambos concordam que o cinema tem grande influência sobre como o público percebe a profissão. Lucas lembra que, quando filmes associam RP à manipulação e à falta de ética, isso pode criar uma imagem distorcida da profissão. O RP, na verdade, busca sempre agir de forma ética, transparente e estratégica, ajudando a construir reputações sólidas e a gerenciar crises com responsabilidade.

Por outro lado, Dr. Luiz Santana observa que o cinema também pode ser uma ferramenta importante para reflexões, especialmente quando apresenta o RP de forma mais ética e construtiva. Ele lembra que, em suas aulas, filmes como Brexit servem para gerar discussões sobre o papel dos RP e a importância da comunicação ética, oferecendo uma boa base para os alunos entenderem melhor as complexidades da profissão.

D: Como você vê o papel do cinema na formação de futuros profissionais de relações públicas?

Para Lucas, o cinema pode ser uma boa maneira de provocar reflexões sobre os dilemas éticos enfrentados pelos profissionais de RP. Mas ele lembra que o cinema deve ser apenas um ponto de partida. Para se preparar de verdade para a profissão, é preciso combinar as lições dos filmes com uma sólida formação teórica e prática.

Dr. Luiz Santana também vê o cinema como uma excelente ferramenta pedagógica, especialmente em formatos de cineclube, onde os alunos podem discutir situações reais e refletir sobre o impacto da comunicação. No entanto, ele enfatiza que a prática e a teoria são fundamentais para a formação de um RP competente.

No final, tanto Dr. Luiz Santana quanto Lucas Santiago concordam que o cinema tem um grande poder de influenciar a visão do público sobre a profissão de RP, mas que a verdadeira essência dessa área está na construção de estratégias éticas de comunicação, na transparência e na criação de relacionamentos sólidos. Filmes podem ser uma ferramenta para aprender e refletir, mas a prática diária do RP é o que realmente define o profissional.

Por: Emilly Oliveira, Letícia Blanco e Nayara Castro.

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